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A mostra tem entrada gratuita e é resultado de pesquisas e visitas a ateliês de artistes que transitam pela cidade

Uma e muitas Brasílias: Aniversário de 62 anos apresenta obras de 14 artistes de diferentes gerações e origens que realizam interpretações possíveis sobre a capital brasileira que em 21 de abril comemora o 62º aniversário. A mostra já está aberta e fica em cartaz até o dia 24 de abril, com visitação de terça a sábado, das 14h às 22h, e no domingo, das 12h às 20h, na Galeria Casa, no Casapark, Piso Superior, dentro da Livraria da Travessa.  

A exposição apresenta obras em bordado, desenho, escultura, fotografia e instalação dos artistes visuais: Cadu Alves, Clausem Bonifácio, Cris Coelho, Danielle Dumoulin, Débora Passos, Gu da Cei, Laura Biato, Lis Marina Oliveira, Patrícia Bagniewski, Quentin Germain, Rodolfo Ward, Tatiana Reis, Thiago Pinheiro e Tsolak Topchyan, e tem curadoria de Carlos Silva.

 “As obras, todas herdeiras de princípios modernistas, organizam um pequeno panorama da produção atual do planalto central que conecta pessoas entre si e garante intensificação da fruição, da interação entre as pessoas e os objetos de arte. A exposição é um tributo ao empenho coletivo na construção de um princípio de civilização que comemora 62 anos de vivência crítica e criativa”, comenta Carlos.

Sobre artistes e obras

Cadu Alves, que se atribui o pseudônimo homizio, é artiste plástico que trabalha sobre a perspectiva do tempo, das incertezas, do vazio e da profundidade dos sentimentos na organicidade e simplicidade de uma poética autorreferenciada e biográfica.

Para a mostra, apresenta duas esculturas em homenagem aos grandes artistes que contribuíram com a construção das paisagens da capital.

Escultura que une artista e obra em suas singularidades de traços, fazendo com que se pareçam com monumentos, deixando em evidência a passagem do tempo como um poema escrito em papel antigo”, comenta Cadu.

Clausem Bonifácio começa na fotografia, aos 18 anos, quando se muda para os Estados Unidos para estudar. De volta ao Brasil, começa a trabalhar como repórter fotográfico.

Em 1992, foi fotógrafe oficial da comitiva do oceanógrafo Jacques-Yves Cousteau, durante a ECO-92. Em 1995, fez a primeira exposição fotográfica dele sobre a cena da música em Brasília. Fotografou moda, viagem, festivais de música, arquitetura e design de interiores, publicando em diversas revistas nacionais como Casa Cláudia, Vogue, Revista Kaza, entre outras. Atualmente, dedica-se à fotografia autoral e realiza exposições como Brasília em Athos, no Espaço Cultural Renato Russo (2019).

Na Galeria Casa, o fotógrafe apresenta a série fotográfica Brasília – um vazio que ninguém preenche, na qual registra a capital no dia 21 de abril de 2020, logo após o início da pandemia da Covid-19 e aniversária de 60 anos da cidade.

“É uma reflexão sobre o descoramento da cidade, que não é meramente circunstancial. Essas fotografias nos dão a oportunidade de observar o abandono sob nossos patrimônios materiais e culturais. Patrimônios que dividimos com a humanidade sob o título recebido pela UNESCO às vésperas de completarmos 28 anos”, afirma o fotógrafe.

Cris Coelho, artiste e professora de Artes Plásticas, é brasiliense e trabalha com as linguagens da pintura, do desenho, das colagens e da fotografia. Atualmente, o trabalho dela volta-se para a fotografia com colagens de objetos relacionados à costura e a bordados, para explorar temas sobre a morte, as cores, a vida, os contrastes de luz e sombra, a poesia, a ausência e a presença. Ela participou de exposições na Faculdade Dulcina de Moraes, entre 2007 e 2010, na Galeria da UnB, em 2012, e na Galeria Elefante, 506 Asa Norte, em 2016.

A artiste fotografa desde que perdeu a avó, em 2009, depois de achar um livro de anatomia escondido nos pertences da matriarca. O trabalho realizado por Cris se compromete com uma reflexão filosófica em torno de questões fundamentais para a arte contemporânea, como é o caso da morte, da presença ou ausência do referente, da interação passiva ou ativa na fruição, da permanência e da transitoriedade do tempo e do espaço como constituidores da vida, entre outros.

Dani Dumoulin caminha pela poética do cotidiano da periferia, buscando os entremeios e miudezas das histórias vividas. O trabalho tem como técnicas preferidas à fotografia, o desenho e a instalação, sendo forma de expandir e se aproximar das realidades criadas, e montagens sempre fluidas de acordo com os ambientes.

Fragmentos, instalação que a artiste apresenta na Galeria Casa, faz parte de pesquisa poética sobre os espaços em que vivemos e abstraímos. Ambientes miméticos nos quais nos perdemos e nos achamos. Dos materiais colhidos geram percepções e prospecções sobre onde e como construímos nossas vivências. Histórias que desvivemou revivem em novas estruturas. Uma pesquisa em constante construção e diversas montagens.

Débora Passos nasceu em Teresina (PI), em 1988. Ela é bacharel em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (2012) e arte-educadora (2009), a artiste visual participou de diversas exposições coletivas pelo Distrito Federal, em espaços como: Museu Nacional da República, Caixa Cultural, Elefante Centro Cultural, Museu Correios, DeCurators, A Pilastra, entre outros.

Atualmente, ela desenvolve pesquisas com bordado livre, desenho e aquarela. As linguagens transitam livres em trabalhos cujos assuntos são, principalmente, xs corpxs femininos e vegetais (série Ginófitas), a memória e a ancestralidade (séries Seio e Portais) e aspectos simbólicos e oníricos (série Serpentes). 

Para a mostra, a artiste apresenta a série de bordados Seio, trabalho realizado com técnicas de bordado livre, utilizando fios de cabelo da artiste, da mãe dela e de outres mulheres juntes com tipos de linha, como de algodão e de seda.

Gu da Cei  é artiste visual, produtore cultural, curadore da Galeria Risofloras, é bacharel em Comunicação Social e mestrando em Artes Visuais pela UnB.

Ele desenvolve trabalho artístico no âmbito da intervenção urbana, da instalação, da poesia, da performance e do vídeo, e busca compreender as possibilidades dialógicas entre processos históricos e contemporâneos da fotografia, bem como espaços de exibição e circulação desta.

O artiste discute vigilância, imagem, direito à cidade e ao transporte coletivo. Ele ganhou o Prêmio de Arte Contemporânea Transborda Brasília e foi selecionado para o Prêmio EDP nas Artes, realizado pelo Instituto Tomie Ohtake. 

Gu apresenta duas fotografias, uma delas Vila do IAPI, resultado de uma intervenção urbana. A área da Vila do IAPI abrigava famílias removidas para dar origem à Ceilândia (DF), hoje, o local é o Setor de Mansões IAPI, ou seja, as famílias não foram removidas por uma questão ambiental, mas, sim, de classe social.

A IAPI fica localizada nas proximidades do Museu Vivo da Memória Candanga, entre a Candangolândia e o Núcleo Bandeirante.

“A placa instalada por mim, em 12 de setembro de 2021, no Dia do Candango, foi para demarcar o território que é de Ceilândia. Em 1971, a Campanha de Erradicação de Invasões removeu 82 mil pessoas para Ceilândia, local, que na época, não tinha infraestrutura urbana ou comunitária. A transferência da população para a região localizada a cerca de 30 km do Plano Piloto acarretou em drástica queda na qualidade de vida das pessoas”, afirma o artiste.

Laura Biato nasceu no Rio de Janeiro, mas foi criada em Brasília. Entre idas e vindas, hoje mora no DF. “Grávida do meu filho, permiti-me ter mais tempo para mim e, com isso, pude experimentar a liberdade da criação. Foi daí que veio a pintura em porcelana. Criei uma identidade já na primeira coleção de louçasazulejos e decoração, migrando, em seguida, para as jóias em porcelana e prata”, afirma. Devido ao isolamento imposto pela pandemia, ela expandiu traços e passou a pintar todas as paredes da casa. Os desenhos estampados nas jóias ganharam outras dimensões sem perder a delicadeza e a simplicidade. Assim, surgiu à flor da Laura.

Para a mostra na Galeria Casa, a artiste apresenta os desdobramentos da experiência com o traço da flor em pintura com aquarela e poesia. “Essa flor ganhou vida, desabrochou e virou minha marca, estampada nas roupas, paredes e peles da cidade. Sigo sem saber para onde a arte irá me levar, mas com a certeza de que ela sempre fará parte da minha vida.”

Lis Marina Oliveira é artiste visual; nasceu em 1957 em Rio Verde (GO). Ela vive e produz em Brasília, tendo chegado à capital em 1972. A pesquisa dela engloba vários campos da arte contemporânea, como fotografia, performance, instalação, objeto e escultura. A rudeza do concreto modernista, típica da cidade, é uma base para o desenvolvimento de suas vivências e de suas derivas. As pedras portuguesas, típicas dos calçamentos que se soltam livremente, passam a compor parte de seu arcabouço poético-objetual.

Os objetos tridimensionais que apresenta na mostra trazem elementos da paisagem natural e cultural que tomam lugar nas pesquisas dela, como o cimento e o vergalhão. Outra base de sua poética é a insistência em lidar com o obscuro, que se apresenta para nós ainda sem nome. A artiste busca, então, quase em um transe delirante, conjugar opostos e justapor ambiguidades, como suspender o que é pesado, como atravessar uma folha de chapéu de couro com pespontos alinhavados de uma costura primordial, anterior ao sistema técnico-industrial.

Na pesquisa é possível encontrar poesias que nos levam às nuvens e/ou nos trazem ao chão. A obra dá testemunho de uma força que se abre às incertezas do viver.

Patrícia Bagniewski é uma artiste visual brasiliense, nascida em 1977, que foca em pesquisa do material vidro e suas técnicas, para explorar conceitos antagônicos como fragilidade/dureza, perto/longe, e do tempo em suspensão.

Ela participou de diversas exposições nacionais e internacionais a exemplo dos II Salão Mestre D`Armas, Brasília; 16º Salão Nacional de Arte de Jataí; Prêmio Vera Brant, International Biennale of Glass of Bulgaria; Unbreakabable: Women in Glass, Veneza, dentre outras.

A artiste apresenta duas esculturas em vidro que abordam questões referentes à vida e à consciência. Em Petri, Patrícia faz referência à placa em vidro utilizada em laboratórios para cultura e identificação de microorganismos.

Ampliada, a obra revela bactérias e parasitas imaginários, remetendo a sopa primordial, à origem. Em Pêndulo, o cotidiano vivido em tempos de Covid-19, com ramificações de fatos versus imaginário, consciente e inconsciente, apresenta-se em modo estático pendular pela lágrima.

Quentin Germain nasceu em 1987, em Nantes, na França. Ele é graduade pela Escola Superior Nacional de Belas Artes (École Nationale Supérieure des Beaux-Arts) de Paris, no Ateliê James-Rielly (2012). Quentin trabalha, em Paris, com desenhos, instalações e pintura. O artiste passou anos da infância no Distrito Federal, cidade que retornou em 2013, ficando por um ano.

Neste retorno, decide registrar a cidade em pinturas. “Contamina-se” pelo ar brasiliense, pelo contato com a natureza, pela visão singular da arquitetura de Oscar Niemeyer.  Os quadros que ele apresenta na mostra fazem parte da exposição A cidade deserta, exibida em 2013, na Aliança Francesa de Brasília.

Nos quadros, de madeira comprimida e acrílico, ele pinta o que chama de não lugares – “São paisagens assim que me interessam, porque elas estão na fronteira da cidade e da natureza, e, na verdade, na fronteira também do que nós mesmos somos, nem civilização, nem natureza“, explica.

Rodolfo Ward é produtore cultural, curadore, artiste e pesquisadore transdisciplinar. Doutorando em Artes Visuais e Mestre em Arte Contemporânea pela linha de pesquisa, Arte e Tecnologia, da Universidade de Brasília – UnB (2019). Pós-Graduado em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais IREL/UnB (2020). Idealizador e Coordenador do Projeto Arte e Inovação em Tempos de Pandemia

Para a exposição, o artiste apresenta fotografias de longa exposição feitas com celular.

O celular se torna coautor, se formos pensar contemporaneamente. O celular é hoje uma extensão do corpo, dos olhos, do cérebro, da memória, é uma prótese que faz parte do corpo. As fotografias trazem essas questões que vão além da estética visual, adentram na estética filosófica do nosso tempo. Utilizo a cor como elemento chave para compor minhas imagens, a saturação como atrativo visual e a composição dinâmica da imagem para fazer o olhar do observador circular em pontos diversos”, ressalta ele.

Tatiana Reis nasceu em Brasília onde trabalha e reside, ela é mãe, artiste visual, historiadore da Arte, é formada pela Universidade de Brasília e também trabalha como fotógrafa e curadora. A produção e pesquisa dela têm origem na memória, na cartografia afetiva, nos feminismos e nas maternagens. Após ser mãe, começa a documentar o puerpério, xs corpxs maternas e a relação com as filhas por fotografias, textos, desenhos e esculturas.

Tatiana é uma das coordenadoras do Arte e Maternagem, coletiva e mapeamento de artistes mães e poéticas sobre maternagens diversas, no Brasil e América Latina. Ela é integrante do Coletivo Matriz, formado por mães artistes do Distrito Federal.

Fotografias da série Das Grandezas de Sentir em exibição na Galeria Casa abordam temas como a melancolia, a solidão e a reinvenção do brincar no cotidiano de duas crianças durante o isolamento social reflexo da pandemia da Covid-19. 

Thiago Pinheiro é brasiliense (1984), bacharel e licenciado em Artes Plásticas pela UnB, e recentemente (2019), mestre em Arte Contemporânea pela mesma instituição. A pesquisa artística dele reside, principalmente, nos campos da pintura, da escultura e da intervenção urbana, trazendo no repertório busca de elementos que promovam uma conversação poética entre matéria e espacialidade.

Desde 2008, o artiste dedica-se também ao ofício de arte-educadore e professore em espaços culturais, museus e escolas do Distrito Federal. Dentre os pontos principais da trajetória artística dele encontramos as participações na 1º Residência Internacional OCA (Casa de Cultura da América Latina – UnB), e nas exposições ONDEANDAAONDA (Museu Nacional do Complexo da República em Brasília) e o 21º Salão Anapolino.

Na obra Cercadinho, o artiste lida, pelas composições que trazem o elemento concreto e material do arame farpado, com o protagonista de sua visualidade. O arame – por vezes, inteiro ou cortado – aparece como referência a este símbolo material de fronteira, de territorialização do espaço, de contenção e de exclusão

Questões de materialidade estão presentes em Desnatura nº 1, tendo moldura como elemento que delimita espaço onde há interação entre os materiais dos espinhos do arame e do algodão cru, em que o tecido é disposto a partir das limitações dadas pelas presenças destes espinhos.

Assim, a interação dá-se pela tensão entre o material mole (o tecido) e a matéria dura (o metal).  O título do trabalho, Desnatura nº1 – Anatomia do Espaço, levanta metáfora do apagamento e destruição da paisagem natural causada pela desestruturação desordenada do meio ambiente, algo que vem afetando o Brasil e o mundo de maneira acelerada desde a chamada Revolução Verde, ocorrida na década de 1970.

Tsolak Topchyan nasceu em 1981 em Leninakan (agora Gyumri), Armênia, país que até 1991 foi parte da União Soviética. Em 2005, formou-se pela Yerevan State Academy of Fine Arts em Gyumri.

Desde o ano 2000, participa de exposições em vários países. Ele realizou exposições individuais na Áustria (2004) e na Bielorrússia (2018). Assumiu a curadoria de algumas exposições na Armênia. Em 2011, mudou-se para Seul, Coréia do Sul, em 2015 para Minsk, Bielorrússia, e em 2018 para Brasília. O armênio fez residências artísticas na Áustria, na França, na Coréia do Sul e na Bielorrússia. As obras dele fazem parte de coleções privadas e públicas na Alemanha, Armênia, Áustria, Bielorrússia, Coréia do Sul, França e nos Estados Unidos.

Para a mostra, o artiste apresenta as obras Terra 2 e Terra 6, em acrílica sobre madeira. “Quando cheguei ao Brasil, fiquei muito impressionado com as cores fortes do solo e do verde da grama e procurei uma maneira de colocá-los na parede. Depois, de alguns experimentos com cor, forma e textura, cheguei a esta pequena série de seis obras”, comenta Tsolak.

Sobre o curador da Galeria Casa

Carlos Silva nasceu em 1963 em Barretos (SP), ele vive e trabalha em Brasília, desde 1982.

Hoje, atua como artiste visual, historiadore, mestre em arte, especialista em psicologia e educação, professor, curadore independente, crítico, coordenador de cursos livres e programas educativos em artes visuais, diretor de galeria, consultor, diretor de criação.

Ele foi membro do Conselho de Cultura do DF e professor do Departamento de Artes da UnB. Como curadore e assistente, ele assinou Suspensões, A seco, Fora do lugar e 100 anos de Athos Bulcão. Carlos participa de exposições individuais e coletivas, atuando na interface entre arte, história, literatura, psicanálise e filosofia e publica textos técnicos e poéticos com frequência.

Serviço | Uma e muitas Brasílias: Aniversário de 62 anos

Mostra coletiva

Obras de | Cadu Alves, Clausem Bonifácio, Cris Coelho, Danielle Dumoulin, Débora Passos, Gu da Cei, Laura Biato, Lis Marina Oliveira, Patrícia Bagniewski, Quentin Germain, Rodolfo Ward, Tatiana Reis, Thiago Pinheiro e Tsolak Topchyan

bordado, desenho, escultura, fotografia, instalação e objeto escultórico e pinturas

Curador | Carlos Silva

Onde | Galeria Casa

              Casapark, Piso Superior, dentro da Livraria da Travessa

Visitação | de 2 a 24 de abril

                    De terça a sábado, das 14h às 22h

                    Domingo, das 12h às 20h

Entrada | Gratuita

Classificação Indicativa | Livre para todos os públicos

Endereço | SGCV Lote 22, Brasília – DF

Contatos | +55 (61) 3403-5300

Instagram |@casapark


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